quinta-feira, 28 de abril de 2011
Eventos Comunicação
O século Mcluhan
Teatro VIVO Rua Dr. Chucri Zaidan, 860 – Morumbi Veja o mapa
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Comunicação, jornalismo e compreensão
Será lançado no dia 21 de maio a partir das 13h, na Cásper, o livro "Comunicação, jornalismo e compreensão", organizado pelos professores Dr. Dimas A. Künsch e Luís Mauro Sá Martino. O livro é resultado de pesquisas dos integrantes do grupo de pesquisa "Comunicação, Jornalismo e Epstemologia da Compreensão" da Faculdade Cásper Lìbero, e conta com pesquisadores da própria Cásper e também de outras instituições.
Para alegria do autor deste blog, além de reunir textos de grandes amigos, a obra contempla também o capítulo "Copa do Mundo no telejornalismo brasileiro" texto de minha autoria.
O livro "Mito e Comunicação: a importância da mitologia e sua presença na mídia", de Gabriel Lage Neto, também será lançado nesta mesma oportunidade. Confira entrevista com Lage clicando aqui.
Os dois livros são resultado do Mestrado em Comunicação na Contemporaneidade da Faculdade Cásper Líbero, que, em 2010, lançou também outros títulos com produção discente e docente.
Parabéns a todos os alunos e professores da Cásper!!
terça-feira, 26 de abril de 2011
Adeus Palestra!! Que venha logo a Arena!
A parcialidade das opiniões e o caso Requião
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Seminifinais do Paulistão
Aliados e inimigos
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Da dissertação ao livro
Texto originalmente publicado no site da Faculdade Cásper Líbero
por Rafael Lourenço, Guto Lobato e Luis Mauro Sá Martino
http://www.casperlibero.edu.br/noticias/index.php/1969/12/31/da-dissertacao-ao-livro,n=5158.html
Gabriel Lage defendeu sua dissertação de Mestrado na Cásper Líbero em 2010. Quatro meses de trabalho depois, o texto se transformou em um livro, “Mito e comunicação: a importância da mitologia e sua presença na mídia”, publicado pela editora Plêiade e com lançamento previsto para maio deste ano.
Lage é formado em Letras pela Universidade da Amazônia, no Pará, e especialista em Gestão da Comunicação pela USP. Sua dissertação foi um estudo do programa infantil “Catalendas”, que resgata mitos e saberes populares da região norte.
Nesta entrevista, o autor fala do processo de escrita do livro e de seu trabalho com os mitos – para Lage, além de assunto sério, a mitologia “é essencial para a compreensão de nossa vida”.
Para quem está começando o mestrado ter a dissertação publicada é um objetivo distante. Como foi esse processo para você?
Quando entrei na Cásper percebi que havia feito a escolha certa, pois o tema de narrativas míticas, compreensão e oralidade está diretamente ligado a uma das disciplinas lecionadas pelo meu orientador, professor Dimas Künsch. Durante uma reunião de orientação, já na fase final, ele sugeriu que o trabalho poderia virar livro, mas só voltamos a falar no assunto após a defesa.
Contando o trabalho de revisão, feito por Renata Barranco e Guilherme Saltini, editoração, inserção de textos novos, como o das orelhas, escrito pelo professor Dimas, e o prefácio, escrito pelos professores José Eugênio Menezes e Mônica Martinez, a adaptação levou cerca de quatro meses.
Sua pesquisa defende que “mito é assunto sério”. Como você explica a importância dos mitos, e o que o levou a realizar este projeto?
Eu costumava ver as narrativas míticas apenas como histórias de grande valor cultural. Através da leitura de estudiosos como Joseph Campbell, Mircea Eliade e Karen Armstrong, entendi que a mitologia é essencial para a compreensão da nossa vida e do mundo em que vivemos. Campbell diz que todas as narrativas míticas são pistas. Se soubermos interpretá-las, veremos que estão aí para nos auxiliar e servir de exemplo durante a nossa própria jornada. Escolhi este tema para tentar atrair a atenção para essas riquíssimas histórias.
Na sua dissertação você analisou um programa de TV, o Catalendas. Qual a relação dele com essas premissas?
O Catalendas apresenta às crianças histórias que dificilmente seriam contadas pela programação infantil dominante, usando padrões que incitam o interesse e facilitam a compreensão. Os telespectadores percebem que a vida não precisa ser tão complicada e que a mesma coisa que apavora pode ser vista de outra maneira se for compreendida devidamente.
É possível afirmar que “compreender as diferenças” é um papel da mitologia na televisão? Você acredita que isso poderia diminuir alguns preconceitos?
Acredito que se houvesse maior conhecimento sobre a cultura de todas as regiões do país, o preconceito seria menor. Se uma diversidade de expressões culturais tivesse maior espaço na mídia, esse papel de fazer compreender as diferenças, que também é da mitologia, seria bem desempenhado. O programa Catalendas mostra isso.
Você afirma que costuma ser pequeno o conhecimento dos brasileiros sobre as expressões culturais do país. Podemos esperar que outros programas educativos surjam na TV aberta para cumprir esse papel?
Por mais difícil que seja é possível ter esperança sim. O próprio Catalendas voltará a ser produzido este ano e há ainda o “Cocoricó” também da TV Cultura, que tem todo um perfil educacional. O grande desafio é a disputa com os diversos programas infantis que têm como finalidade a promoção de produtos.
Por conta de um certo encantamento tecnológico, há quem considere os meios digitais como expressões da modernidade e as formas tradicionais de relato como arcaicas. O que há de intrigante na oralidade quem a mantém como elemento fundador de culturas até hoje?
Tudo começa na oralidade. No livro falo que todos nós somos contadores de histórias em potencial. Até a pessoa mais calada, indagada sobre um assunto de seu interesse, fala por horas. A oralidade é o meio de comunicação mais simples que existe, está presente no rádio, na TV, e até na Internet.
Em geral, quem termina uma fase na vida acadêmica se programa para uma próxima. Quais são os próximos planos?
Pretendo seguir na vida acadêmica. Quero ingressar no doutorado ainda em 2011, e continuar no grupo de pesquisa Comunicação, Jornalismo e Epistemologia da Compreensão. Profissionalmente, tenho a intenção de atuar como docente e, quem sabe, escrever outros livros.
terça-feira, 5 de abril de 2011
O futebol como negócio
Postado originalmente em Observatório da Imprensa:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=636TVQ001
Já faz muito tempo que o futebol é mundialmente encarado como negócio. Porém, nesse quesito, há uma grande diferença entre o Brasil e a Europa, por exemplo. Refiro-me ao papel exercido pela "toda poderosa" Rede Globo de Televisão neste esporte tão importante para a cultura nacional.
Há estimativas de que, no Brasil, em média 70% da receita dos times venha dos direitos de transmissão vendidos às grandes redes de TV, enquanto na Inglaterra esse número fica em cerca de 25% e na Itália 39%. A principal razão disso é que na Europa os clubes conseguem lucrar consideravelmente com ingressos, venda de material esportivo personalizado e outras atividades comerciais. Não pretendo com isso dizer que apenas no Brasil o futebol é um "telespetáculo", mas sim, apontar a dependência criada entre os clubes e os canais de TV e o poder de definição que estes últimos ganham sobre os primeiros.
Por estes dias, nos está sendo permitido assistir – por canais alternativos, já que a principal atriz do espetáculo, a Globo, se recusa a falar sobre o assunto – negociações envolvendo cifras milionárias pelos direitos de transmissão do futebol nacional. Para se ter uma ideia do tamanho do negócio, estima-se que será pago pela Rede Globo algo em torno de 110 milhões de reais por ano para apenas um clube (Corinthians) na participação de um único campeonato (Brasileiro), fora os outros times, que também provavelmente negociarão à parte, já que dessa forma conseguem mais dinheiro do que o oferecido pelo Clube dos 13.
"Identidades formadas e transformadas"
Justificativa possível de tamanho investimento na aquisição dos direitos de transmissão do futebol é o gosto do brasileiro por este esporte, não criado, mas largamente trabalhado e incentivado pela mídia, e o consequente retorno publicitário gerado pela associação de marcas privadas ao esporte favorito da nação.
A lógica exposta acima não é nova, mas explica, em parte, o apelo tão grande das emissoras de TV na veiculação do futebol. Na última Copa do Mundo, por exemplo, no Jornal Nacional, um dos principais meios de informação de milhões de brasileiros, o tema chegou a ocupar sozinho quase 80% do tempo do programa, fazendo parecer que durante o Mundial mais nada acontecia no país.
Puxando essa discussão um pouco para o campo teórico, no livro A identidade cultural na pós-modernidade Stuart Hall, defende que, "as identidades nacionais não são coisas com as quais nascemos, mas são formadas e transformadas no interior da representação" e depois explica que "uma cultura nacional é um discurso – um modo de construir sentidos que influencia e organiza tanto nossas ações quanto a concepção que temos de nós mesmos. [...] As culturas nacionais, ao produzirem sentidos sobre "a nação", sentidos com os quais podemos nos identificar, constroem identidades".
TV brinca com a paixão que ajuda a construir
Seguindo por essa seara, é possível sugerir que o alto apelo do futebol na mídia e a construção de uma "comunidade imaginada" de brasileiros, onde não há espaço para outros assuntos que não o futebol (especialmente em época de Copa do Mundo), serve como construção política de uma identidade nacional, necessária para a manutenção do esporte enquanto combustível do sistema capitalista.
O problema disso tudo é que, apesar do alto apelo e exploração da imagem do futebol, o torcedor, aquele que gosta mesmo do esporte, acaba sendo punido. Ao participar do jogo como principal fonte de renda dos clubes, a televisão, se por um lado trabalha como grande incentivadora do gosto pelo futebol, por outro, escolhe os horários dos jogos – geralmente péssimos para quem deseja ir aos estádios, como jogos durante a semana com início às dez da noite –, ignora vários clubes, dando prioridade apenas aos de maior torcida, transmite para alguns estados, majoritariamente jogos de times cariocas e não das equipes locais, compra determinado evento esportivo apenas para tirar a possibilidade da emissora concorrente transmitir e consequentemente o torcedor poder assistir, ou seja, brinca com a paixão de um povo que ela própria ajuda a construir.