terça-feira, 3 de maio de 2011

Metrô lotado é pleonasmo!



Hoje pela manhã, para variar, alguma força obscura do metrô de SP fez com que, entre oito e nove horas da manhã, mais ou menos, a linha vermelha conseguisse ficar ainda pior do que o normal. O normal é estar cheio, lotado, insuportável. Isso é o habitual (coitado dos pobres usuários). Agora, infelizmente, resolveram que isso não era suficiente. O cidadão tem que sofrer mais para usar o transporte público, afinal, se não pode usar o conforto do carro (confortavelmente parado no trânsito de SP) tem mais é que sofrer nos trens e ônibus da cidade!

O trágico é que qualquer problema já faz com que se reduza a velocidade dos trens, e, a frase "paramos para aguardar a movimentação do trem a frente" já virou sinônimo de "se f... galera, vão ter que se esmagar ai". Isso porque essa lentidão aumenta a quantidade de pessoas nas plataformas e, na mesma proporção diminui a paciência de quem está esperando. A consequencia disso é que as pessoas vão querer entrar no trem independente de caber ou não, pois o chefe não espera e, dizer que teve problemas com o metrô já é o mesmo que dizer que estava trânsito na Radial/Marginal às sete da manhã (Sério, novidade!!!).  

Até ai tudo bem. Esse é o preço de morar na maior cidade do país e de manter no governo o mesmo partido há duas décadas (praticamente um monopólio). O triste é ver no que as pessoas se tornam e o que são capazes de fazer em meio a essa situação. Hoje vi duas cenas no mesmo vagão que me fizeram sentir vergonha de ser humano.

A primeira, na estação Brás. Com o vagão totalmente lotado e com as pessoas já não sentindo algumas partes do corpo, quando parecia que a situação não poderia ficar pior, surge a estação Brás. Não sei de onde vem tanta gente, mas a lógica é meio simples. Lá quase ninguém desce e muitos querem entrar em um vagão já totalmente lotado. Na tentativa de contrariar as leis da física, a galera começa a entrar e empurra sem o menor pudor todos que estiverem a frente. 

Enquanto isso, nesse momento, uma senhora no espaço reservado a cadeiras de roda, segura um carrinho com uma criança pequena (ao que tudo indica com algum tipo de necessidade especial) e começa a suplicar - "Por favor, tenham cuidado, não! ai meu Deus....socorro, cuidado...por favor.." Ao que o povo ignora e entra na base da voadora e começa a responder para a senhora - "Quer conforto vá de taxi". (Nessa hora eu pensei, "quer ser humano não vá de metrô...") 

Mas o pior ainda estava por vir. Na Sé, quando mesmo quem não vai descer tem que sair para abrir passagem para quem está desembarcando, surge uma funcionária do metrô com um cadeirante pedindo licença para ajudar o moço. Até ai, normal. É habitual ver essa cena. 

Contrariando a normalidade e ignorando por completo o senso de humanidade e respeito, duas mulheres começam a brigar com a funcionária, desautorizando a preferência do cadeirante. Palavrões e palavras de total desrespeito foram proferidas a ambos. Ao fechar a porta, as duas mulheres começam a bater na porta e continuam reclamando da situação dizendo "- brasileiro é tudo idiota". Enquanto isso, o cadeirante, já do lado  de dentro, apenas assistia a cena. Além de limitado por sua deficiência, imagino a sensação de  humilhação pela situação gerada pelo seu direito defendido por lei (e por qualquer pessoa com o mínimo de noção) e totalmente ignorado pelas duas mulheres. 

A cena de hoje foi apenas um exemplo. O povo ainda não entendeu que temos que respeitar pessoas com deficiência e facilitar no que for possível. Qualquer um de nós poderia estar naquela situação, inclusive um filho nosso ou nossos pais. Faz bem praticar um pouco o senso de humanidade, que acredito haver dentro de todos nós (todos?, será?)

Mas enfim, (...) é complicado. Nessas horas sinto vergonha de ser humano, e, como diria um professor meu "não sei com que cara irei olhar para o meu cachorro quando chegar em casa"



2 comentários:

  1. Pois é, meu caro. Infelizmente a situação do transporte público é lamentável. Girou a catraca, cidadão? Esqueça a palavra humano! Ela não existe em tal ambiente. E aquilo, ultimamente, não serve nem para transportar boi. Mas... voltando aos seres humanos: às vezes paro pra pensar e, realmente, a palavra humano não condiz com o que somos. Nossas atitudes diante de algumas situações comprovam meu pensamento. Outro dia estava num ônibus e quando entrou um idoso uma jovem soltou: "aff, nada contra, mas que velho enche as paciências, enche! Que inferno!"

    Isso, como diria Boris Casoy, é uma vergonha!

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  2. A coisa está mesmo feia, e não é raro ouvir, no metrô ou no ônibus, que os idosos, as gestantes e os portadores de deficiência não deveriam andar no horário de pico na cidade, esse é o horário dos JOVENS! Absurdo as pessoas não conseguirem exercer seu direito de ir e vir sem serem desrespeitadas! Sem contar que, para os que não sabem, milhares de idosos ainda trabalham (e muito!) para sustentar seus netos e filhos que simplesmente não trabalham ou não conseguem prover com seu sustento. Empatia, educação e respeito são coisas infelizmente desconhecidas para muitos de nós.

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