terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Ascensão, apogeu e queda


“Por quanto tempo o maior tomador de crédito do mundo pode se manter como a maior potência?” Lawrence Summer, assessor do presidente Barack Obama.

A afirmação acima faz referência à situação econômica norte-americana atual. Com um gigantesco rombo nas contas públicas, o papel que os Estados Unidos exercem hoje no mundo pode estar em fase de transição (analisa uma longa matéria publicada ontem no The New York Times: http://www.nytimes.com/2010/02/02/us/politics/02deficit.html?hp )

Segundo a proposta do orçamento apresentada ontem, as despesas do governo dos EUA no próximo exercício fiscal vão superar as receitas em US$ 1,6 trilhão.
Esse déficit equivale a 11% do Produto Interno Bruto do país.
Acima de 3%, economistas já consideram a situação insustentável.

Para tentar reduzir esse problema os Estados Unidos têm tomado crédito de, adivinhem quem ... da China. Justamente um dos países que mais exportam ‘bugigangas’ para os EUA.

Para a China, a diminuição no consumo norte-americano representa diretamente a baixa em sua própria balança comercial, afinal, seu principal cliente já não pode consumir tanto quanto antes.

A China, por sua vez, é um grande cliente do ..... BRASIL! Automaticamente, com a baixa nas exportações da China para os EUA, menos matéria prima o Brasil irá exportar para o oriente. Engraçado não é? É por isso que hoje não podemos mais dizer: “ Cada um com os seus problemas”.

É a globalização.

Agora, balança comercial à parte, há de se verificar o seguinte:

O que a China faz hoje pelos EUA, ou seja, emprestar dinheiro para que os norte-americanos possam comprar seus produtos, já foi feito pelos Estados Unidos após a 1Guerra Mundial. (1918-1929)

Com a Europa toda bombardeada, os EUA emprestaram gentilmente seus dólares para que o velho continente pudesse, com isso, importar grande quantidade de produtos industrializados da terra do Tio Sam (Na ocasião, a reestruturação dos países europeus culminou com a grande crise de 1929).

Foi aí, inclusive, que tivemos uma troca de grande potência mundial.
Até então a Grã-Bretanha era tido como o país mais influente do mundo.

Ou seja, é fato histórico que nenhuma potência dura para sempre. Todas vivem ascensão, apogeu e queda.

Os EUA tiveram sua ascensão no entre-guerras (1918/29), apogeu na era de ouro (pós 2ºGuerra Mundial) e parece que agora viverá sua queda. Não como país rico e desenvolvido, mas sim como maior potência mundial.

Voltamos à frase: Por quanto tempo um país pode ficar tomando crédito de países (menos desenvolvidos) e continuar sendo a grande potência?

Um comentário:

  1. é um círculo vicioso bem interessante, Rafa. Na publicidade dizem que todo produto tem sua fase de subir, permanecer e depois cair as vendas, creio q em tudo seja assim, não é mesmo?
    A China será a próxima potência, todos já sabem, tem até escolas de idiomas oferecendo o curso beeem caro para os mais adiantadinhos...enfim.
    Gostei muito do texto, vc ligou bem com a história mundial, bacana!!!

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