quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Vincere: o cinema europeu e as vantagens de morar em uma grande cidade



Recentemente escrevi neste blog sobre a minha insatisfação com os filmes do circuito convencional (comercial). Uma verdadeira mostra do auge da ‘sociedade do espetáculo’: muito barulho para nenhuma arte, característica que para mim transforma os produtos exibidos nos shoppings em algo mais próximo de propaganda (de sonhos de consumo, lugares, personagens, produtos licenciados) do que da sétima arte. É claro que esse não é o problema de 100% do circuito comercial, mas infelizmente o número está próximo da totalidade.

Mas nem tudo é espetáculo no sentido pejorativo. E é ai que começam as vantagens de morar em uma grande cidade como São Paulo, onde há um circuito alternativo de cinema que nos faz lembrar que a sétima arte está viva e produzindo obras de arte de altíssima qualidade.

É claro que morar em uma metrópole tem seu preço e esse preço às vezes é bem alto. Não caber no metrô (quase que independente do horário), encarar filas enormes para praticamente qualquer coisa (do sorvete ao carregamento do bilhete único), encarar trânsitos astronômicos e respirar um dos piores ares do mundo... mas enfim, ao sofrer diariamente com esse tipo de situação tento ver as coisas boas antes que a cidade me enlouqueça por completo..

E o circuito de cinema alternativo é uma dessas vantagens que nos faz dar valor para a cidade. Após passar diversas vezes em frente ao cinema da Reserva Cultura, que fica no mesmo prédio da Cásper (estar lá está me transformando e isso mereceria um texto a parte), resolvi entrar ontem para ver um filme recomendado por um professor do mestrado. Trata-se de um filme italiano, de 2009, chamado “Vincere” (Vencer).

O longa, ao contrário de fazer barulho para vender, mostra o barulho feito pelo ditador italiano Benito Mussolini para se transformar no líder fascista da nação por meio do cinema e da panfletagem para construir o personagem heróico do “Il Duce”.

O enrredo, porém, é focado marginalmente no drama de Ida Dalser, amante de Mussolini que, achando ser a única mulher de Benito, vende tudo que tem para financiar a panfletagem que colocaria Mussolini sob os holofotes - é e negada pelo ditador logo em seguida a sua chegada ao poder.

O drama que mostra um evento histórico da Itália, ilustra um discurso político facilmente adaptável para realidades inclusive atuais e mostra o poder do cinema e do rádio no começo do século XX enquanto veículos de massa - cenário que serviu de ‘berço’ teórico para os pensadores da escola de Frankfurt.

Bom, fica a dica. Em São Paulo o filme está em cartaz no Reserva Cultural: http://www.reservacultural.com.br/detalhe_filme.asp?id=4&filme=10

e no Cine Sesc:

O filme está em cartaz também no Rio de Janeiro, Salvador e em Recife conforme dica do site: http://www.omelete.com.br/cinemas/programacao/?programacao=vincere

Veja o trailer:
http://www.youtube.com/watch?v=ldYi82S__kY

Um comentário:

  1. falou tudo, meu querido! fui ver Vincere também e volta e meia vejo filmes do circuito alternativo, acho que é uma das vantagens de nossa cidade poluída e estressante. O enredo do filme é bom. Apesar do enfoque tão voltado ao relacionamento pessoal, o contexto histórico é aparente. Se você quiser rir um dia destes, veja O Pequeno Nicolau lá no Reserva ou no HSBC, mas leve a Lu junto, ela vai gostar muuuito.

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