terça-feira, 24 de agosto de 2010

A pseudo Inclusão Digital e o Debate On Line

A Internet ocupa cada vez mais espaço na vida dos chamados “incluídos digitais”. Definir o que é inclusão digital e quantos são os incluídos é tarefa das mais complicadas senão impossível. No artigo “O caráter pseudo da inclusão digital” a pesquisadora Denise Correa Araújo afirma que, “seria difícil dizer até que ponto é possível afirmar que há uma inclusão digital, se considerarmos que muitos usuários da rede a usam somente para seus e-mails. Seria isso a inclusão digital?” Somado a isso, podemos imaginar também as crianças que frequentam demasiadamente lan houses como se fossem cassinos, apenas para jogos. A inclusão digital ainda me parece distorcida. Enquanto ferramenta, a Internet, para atingir o objetivo real da inclusão precisa ser usada para facilitar o dia a dia, evitar uma ida ao banco ou a banca de jornais por exemplo ou o uso do telefone além do acesso fácil a notícias mundiais e a praticamente qualquer conteúdo de interesse do usuário.

Debate on line
Semana passada, pude assistir ao primeiro debate on-line no Brasil, feito pela Folha/Uol e transmitido ao vivo por vários sites. Pelo Twitter, o debate era assistido e comentado simultaneamente gerando uma interatividade inédita.
Ao meu ver o debate propiciou ao público os principais pilares do que a Internet pode gerar de positivo e em especial um dado negativo.

Interação e convergência

Houve uma real e saudável interação e convergência dos meios de comunicação.
Qualquer indivíduo em qualquer lugar do mundo, munido de um computador conectado a Internet, pôde em tempo real: assistir ao debate, comentar o conteúdo, ver comentários de outros internautas e ler opiniões de jornalistas e especialistas que logo postaram textos na Internet (seja em portais, sites de jornais ou blogs). Alguns internautas ainda tiveram a oportunidade de fazer perguntas (previamente gravadas) aos candidatos.
Essa mudança do eixo central da comunicação (TV / Impresso) e sua descentralização para a Internet é super positiva no sentido de dar voz aos comunicados que ganham o direito de ser também e por que não, comunicadores, na medida em que de pronto (assim como faço neste texto) publicam suas opiniões.
O problema, e por isso deixei claro haver ainda um ponto negativo, é que a grande mídia e, consequentemente, a lógica capitalista é quem organiza e apresenta esse show. No momento de selecionar as perguntas dos internautas para os candidatos me pareceu (assim como a capa da revista Época sobre o passado de Dilma) que a parcialidade do meio foi embora. Em um debate onde o intuito era expor propostas, o Folha / Uol, selecionou e fez uma pergunta a candidata Dilma no mínimo constrangedora. Não era mentira, a pergunta foi baseada em fatos, porém, que nada tinham a ver com propostas. A pergunta, em linhas gerais, foi: “Como você se sente sendo o resto do PT, aquilo que sobrou e que apenas por isso foi escolhida para ser candidata?”
Não quero defender esse ou aquele candidato. Mas se é para bater vamos bater, se é para ouvir vamos ouvir. Acho que perguntas como essa não acrescentam nada a exposição de propostas. Mas se era para partir para esse lado, por que não perguntaram ao Serra, para equilibrar o desconforto, algo como: Como você se sente tendo rachado seu partido e criado inimizades com os principais ícones do PSDB? ou ainda: O que você tem a dizer sobre candidatos que assumem compromisso com um cargo público por 4 anos e largam para concorrer a um cargo melhor?

Internet, interatividade e convergência são pontos positivos, mas falta transparência. O povo não é passivo a tudo e, com um bom uso da Internet pode começar a enxergar as distorções. Mas esse ainda é um longo caminho que começa por melhores políticas de educação, a base do esclarecimento.

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