quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Lenda índigena



Sempre gostei muito de falar. Já no jardim da infância era assim. Tenho um documento guardado pela minha mãe onde uma professora do jardim 2 dizia : “Criança atenciosa e inteligente. Porém fala demais com seus amiguinhos. As vezes atrapalha as atividades”.
Pois é. O tempo passou e pouca coisa mudou. Porém, essa minha característica, que me rendeu vários apelidos na infância, tipo matraca, por exemplo, me ajudaram a escolher minha faculdade: Comunicação.
Perfeito, não é? Vamos ganhar a vida com a voz agora. Basta falar igual aos jornalistas falam na TV. Parece fácil. É tão natural não é verdade?
Engano.
Resolvi aproveitar os cursos de férias que acontecem por essa época para me atualizar. O curso escolhido foi “Apresentador de Telejornais”, no Senac-SP.
Logo no segundo dia, aula de interpretação, com um ator e diretor de teatro. (Pois é, fazer teatro é primordial para conseguir apresentar bem um jornal).
Fila para ver quem será o primeiro a ser bombardeado pelo professor. Um a um todos teriam que gravar um texto para posterior avaliação - do diretor de teatro e não de um jornalista.
Para piorar, faríamos sem conhecer o texo. Para dificultar um pouco mais, não era um texto jornalístico. Era um poema de José de Alencar.
Na bancada, nervosismo, tremeliques e pessoas travadas.
O professor, quer dizer diretor, pedia emoção, naturalidade e até gritos se fosse preciso.
Foi uma bela experiência. Começamos pelo pior. Segundo o professor, apresentar um texto como esse sem ao menos conhecer o conteúdo, torna o resto fácil, tira a pressão.
Bom, sobrevivemos!!!

Segue texto que lemos na íntegra sobre olhares atentos dos outros alunos.

Lenda Indígena

”Foi longe, bem longe dos tempos de agora. As águas caíram, e começaram a cobrir toda a terra. Os homens subiram ao alto dos montes; um só ficou na várzea com sua esposa.
“Era Tamandaré: forte entre os fortes; sabia mais que todos. O Senhor falava-lhe de noite; e de dia ele ensinava aos filhos da tribo o que aprendia do céu.
“Quando todos subiram aos montes, ele disse:
“– Ficai comigo; fazei como eu, e deixai que venha a água.
“Os outros não o escutaram; e foram para o alto; e deixaram ele só na várzea com sua companheira, que não o abandonou.
“Tamandaré tomou sua mulher nos braços e subiu com ela ao olho da palmeira; aí esperou que a água viesse e passasse; a palmeira dava frutos que os alimentava.
“A água veio, subiu e cresceu: o sol mergulhou e surgiu uma, duas, três vezes. A terra desapareceu; a árvore desapareceu; a montanha desapareceu.
“A corrente cavou a terra, cavando a terra, arrancou a palmeira; arrancando a palmeira, subiu com ela; subiu acima do vale, acima da árvore, acima da montanha.
“A água tocou o céu; e o Senhor mandou então que parasse. O sol olhando só viu céu e água, e entre a água e o céu, a palmeira que boiava levando Tamandaré e sua companheira.
“Todos morreram. Á água tocou o céu três sóis com três noites; depois baixou; baixou até que descobriu a terra.
“Quando veio o dia, Tamandaré viu que a palmeira estava plantada no meio da várzea; e ouviu a avezinha do céu, o guanumbi, que batia as asas. “Desceu com sua companheira e povoou a terra”.
[In “O Guarani”, de José de Alencar]

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Teoria da Conspiração


Em meio as notícias do caos no Haiti e dos estragos causados pela chuva em São Paulo, uma matéria lida hoje me chamou a atenção pelo absurdo.
Para alguns pode parecer apenas mais uma ‘teoria da conspiração’.
Não sei. Tento filtrar tudo e levar em consideração as fontes e principalmente os interesses envolvidos nos manifestantes.

Então vamos tentar montar a cena:

Acusado: EUA
Acusadores: Venezuela e Rússia
Crime: Ter causado o terremoto do Haiti (isso não parece sério demais?)
Base de argumentação: Relatórios preparados pela Frota Naval Russa

Pois é, parece absurdo, não é? Lembra-me a acusação do cineasta Michael Moore no documentário “Fahrenheit” onde ele sugere (chega a ser educado o uso dessa palavra) que o 11/09 teria sido arquitetado pelo governo americano para justificar o ataque ao Iraque, e a todo o mundo islâmico.

Os trechos abaixo foram retirados do relatório feito pela Frota Naval Russa, que monitorou os movimentos e as atividades navais americanas no Caribe desde 2008, quando os EUA anunciaram sua intenção de restabelecer a Quarta Frota, dissolvida em 1950.

Trechos interessantes do relatório Russo:

“A experiência feita no Pacífico teria provocado um terremoto de magnitude 6,5 em Eureka, na Califórnia, sem vítimas. Enquanto o teste realizado no Caribe provocou a morte de pelo menos 140 mil inocentes".

“É mais que provável que Washington tivesse conhecimento total do catastrófico dano que este teste de terremoto poderia ter sobre o Haiti. Por isso posicionou seu comandante do Comando do Sul, o general P.K. Keen, na ilha. Para supervisionar os esforços de ajuda, caso fossem necessários".

"No resultado final dos testes destas armas está o plano dos EUA da destruição do Irã através de uma série de terremotos pensados para derrubar seu atual regime islâmico".

"O Departamento de Estado, Agência Americana de Cooperação para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e o Comando Sul dos EUA começaram a invasão humanitária ao enviar pelo menos dez mil soldados e empreiteiros para controlar, no lugar da Organização das Nações Unidas, o território haitiano após o devastador terremoto experimental".

Os trechos foram retirados do relatório da Frota Norte Russa, divulgada pela agência de notícias O Globo.

A conclussão sobre essas informações eu deixo na responsabilidade dos leitores...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

História esquecida


Às vésperas do aniversário de 456 anos da cidade de São Paulo, sítio arqueológico é encontrado durante o processo de reurbanização do Largo de Pinheiros, que espera a implantação de uma estação de metrô.

A descoberta, porém, parece não ter sido bem vista pela prefeitura de SP e pela Emurb (Empresa Municipal de Urbanização).

Irritada e preocupada com o atraso das obras, a prefeitura tenta abafar o achado com a proibição da entrada de jornalistas e câmeras. Os arqueólogos que trabalham no local também foram advertidos a não darem entrevistas.

Vários objetos como louças holandesas, francesas e inglesas já foram encontrados, além de garrafas do século XIX.

Para ver de perto a área das escavações, basta ir até a Rua Fernão Dias, 700 e olhar por entre as tábuas de madeira compensada que cercam o local.

Descobertas arqueológicas desse tipo são fundamentais para que possamos entender nossas origens, porém, parecem perder espaço para o crescimento (incansável) da nossa metrópole.

A prefeitura faz pouco caso. Só quer saber de entregar a obra prometida no prazo para não causar mais polêmicas, neste, que é um ano de eleição.

Por outro lado penso se esse ‘pouco caso’ com a descoberta não é um problema maior do que apenas um prefeito preocupado com a eleição. Segundo os arqueólogos que trabalham no local, os cartazes explicativos colocados por eles em frente ao sítio despertam pouca ou nenhuma atenção das pessoas que passam por lá.

Com a vida corrida que se leva em SP hoje, com o que será que a maior parte da população está mais preocupada? Com achados arqueológicos ou com a ampliação do metrô (que pode fazer com que as pessoas cheguem mais rápido em casa)?

É triste para um jornalista apaixonado por história como eu admitir isso, mas parece que a história do que fomos e de como chegamos aqui cai, cada vez mais, dentro do buraco negro gigante gerado pela correria do dia-a-dia da grande metrópole.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Palavras infelizes



Em matéria veiculada ontem pelo SBT, o cônsul do Haiti no Brasil George Samuel Antoine, sem saber que estava sendo gravado, fez comentários racistas, infelizes e demonstrou total descaso pelos acontecimentos em seu país.

Perguntado sobre o terremoto, o cônsul mostrou-se otimista: “A desgraça de lá está sendo uma boa para agente aqui, fica conhecido”, afirmou o diplomata.

Após isso, ainda culpou a população negra da ilha pela desgraça ao afirmar que o terremoto pode ter sido causado por macumba: “Acho que de tanto mexer com macumba, não sei o que é aquilo (...) O africano em si tem maldição. Todo lugar que tem africano ta f...”

George possui mais de 100 familiares no Haiti e nenhuma notícia deles.

Segue link da reportagem:
http://noticias.uol.com.br/ultnot/multi/2010/01/14/04021B3266D4990326.jhtm?consul-haitiano-afirma-que-o-africano-em-si-tem-maldicao-04021B3266D4990326


Um pouquinho de história

O país hoje considerado o mais pobre das Américas e um dos mais pobres do mundo - pelo menos 80% da população vive em condições de extrema pobreza – já foi, no século XVIII, a mais próspera colônia francesa nas Américas, graças à exportação de açúcar, café e cacau.

Já no século XX, tropas dos EUA dominaram a ilha durante 20 anos sob a alegação da defesa de interesses próprios, o que acabou levando ao poder um governo ditador que castigou e trouxe mais pobreza ao povo haitiano. (Papa Doc e Baby Doc ).
- Qualquer semelhança com o fato descrito acima e os governos ditatoriais no resto da América Latina não são mera coincidência, são os interesses norte-americanos acima dos direitos de se ser humano.

Parece que alguns países ricos de hoje tem uma grande dívida com esse povo caribenho, não acham?
Reconstruir o Haiti é, antes de mais nada, uma obrigação dos EUA e União Européia.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Saldos parciais no Haiti


Complementando o comentário de ontem sobre o Haiti, os estragos descritos até o momento são realmente assustadores.
O número de mortos já chega na casa dos 100 mil.
Dos soldados brasileiros em missão de paz no Haiti, são 14 mortos e 4 desaparecidos.

Vários países já prometeram enviar ajuda para o Haiti para a manutenção dos sobreviventes e a reconstrução do país. Até o momento já foi levantado um montante de pelo menos US$ 151 milhões pela ajuda internacional, além do envio de toneladas de alimentos, água, medicamentos e envio de pessoal especializado para ajudar nas buscas.

O terremoto que atingiu o Haiti na última terça-feira foi o mais forte na ilha desde 1946, quando o Haiti foi castigado por um tremor de 8,1 graus na escala Richter seguido de um tsunami.

País mais pobre das Américas, o Haiti conta com uma população de aproximadamente 9 milhões de pessoas, e, devido à sua localização geográfica, está entre os países com maior incidência de desse tipo de fenômeno.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Terremotos


No último final de semana, em 3 estados da região Nordeste do Brasil (RN, PB e PE), um pequeno tremor de 3,8 graus na escala Richter causou pânico em pessoas não acostumadas com tal fenômeno. Alguns prédios do Recife chegaram a ser evacuados por precaução devido ao medo de abalos nas estruturas.

Em matéria especial no Diário de Pernambuco sobre o ocorrido, foi publicada uma tabela explicativa com as relações entre os graus medidos pela escala Richter e as conseqüências dos tremores.

Segundo essa tabela, tremores entre 3 e 3,9 graus, como o ocorrido no Nordeste, pode ser sentido por muitas pessoas mas não causam danos materiais.

Continuei a leitura da tabela e cheguei aos tremores maiores, com grande impacto e destruição. A partir de 5 graus, por exemplo, um terremoto já pode abalar estruturas de pequeno porte e derrubar várias casas pequenas.

O problema, porém, começa a se tornar grande a partir dos 6 graus, quando o poder de destruição pode atingir um raio de até 180 Km de distância do epicentro do fenômeno. Nessa medição, um terremoto já tem força suficiente para provocar grandes rachaduras e abalar estruturas de prédios.

O tremor ocorrido na última terça-feira no Haiti atingiu 7 graus. Segundo a mesma tabela, tremores dessa magnitude podem ser sentidos em vários países, provocar centenas de mortes e a derrubada de grandes construções.

O curioso de tudo isso para mim foi, após ter visto a tal tabela ontem à noite, acordar hoje e ver no jornal as manchetes sobre o terremoto no Haiti.

Até o momento não é possível estimar a quantidade de vítimas, mas o que se sabe é que cerca de 3 milhões de pessoas estavam na área mais atingida pelo tremor e os estragos devem ser catastróficos.